domingo, 27 de abril de 2008

As flores do mal e a alma de Isabella

Hoje, com a programada “reconstituição da morte” da garota Isabella Nardoni, a mídia, com MAIS notícias sobre o caso, vai continuar a violentar lares, corações e mentes de todas as idades.

O assassinato da menina virou implacável e descarada busca de índice de audiência/fonte de renda.

Há quem defenda – eu concordo – que a mídia estimula a violência. O noticiário irresponsável, sádico, ganancioso e inconseqüente provoca, sim, em psicopatas e outros desajustados o desejo de ser notícia, também eles. A crueldade da mídia desperta e fortalece delírios como “se ele/ela fez/matou, eu também posso, eu também consigo, eu também quero a fama.”

Em Flores do Mal (Les Fleurs du Mal) o poeta francês Charles Baudelaire escreveu:

“Todo jornal, da primeira à última linha, não passa de um tecido de horrores. Guerras, crimes, roubos, impudicícias, torturas, crimes de príncipes, crimes de particulares, uma embriaguez de atrocidade universal. E é deste aperitivo repugnante que o homem civilizado acompanha sua refeição de cada manhã”.

Baudelaire (1821 /1867) citou apenas “os jornais” pois viveu numa época sem internet, rádio ou TV.

A Globo, numa escola (!), no começo do caso, entrevistou em telejornal (Jornal Malcional) e mostrou imagens ao vivo de criancinhas que conviveram com Isabella:
- Como era sua amiguinha, você gostava dela? Ela era boazinha com você?

É MUITA maldade, é um horror.

Isso não é liberdade, é irresponsabilidade de imprensa. Crítica que, óbvio, vale pra Globo e toda horda de vampirescos veículos informativos que espumam sangue diariamente em suas coberturas.

Pervertidos travestidos de jornalistas e empresários de comunicação, deixem descansar em paz as almas de Isabella e de outros seres que já sofreram demais.

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