sábado, 24 de março de 2007

Caras, Modigliani, o inestimável e Van Gogh

O sol na banca de revistas me enche de alegria e preguiça, cantou Caetano.
Mas nem alegre nem preguiçoso fiquei durante minha passagem sabadal à banca da Célia.
Fiquei curioso em saber a quantas anda a jogada da Caras em lançar, junto a edições da revista, reproduções de pinturas famosas.

Conversei com a mocinha que atendia na banca sobre minha opinião que o público de Caras não é muito chegado a qualquer aquisição de informação útil.
A garota foi precisa:
- É assim mesmo. Tem gente que nunca comprou Caras mas 'tá comprando uma ou outra por causa dos "quadros". Uns me falaram que nem olham a revista, ficam com o "quadro" e pronto.

Lembro da frase do Ziraldo para a Revista Bundas, criada por ele em 1999:
- Quem mostrou a bunda em Caras não vai mostrar a cara em Bundas.

Bundas durou pouco. Uma das razões foi que as agências de publicidade não deram as caras para a Bundas. Agências pundonorosas.

Inestimável

A edição 4 da coleção As Pinturas mais Famosas do Mundo de Caras traz reprodução de uma obra (Jeanne Hébuterne - A Mulher do Artista) de Amedeo Modigliani.
Tascado sobre um canto da reprodução, como um carimbaço, está "Valor inestimável".
As outras obras da coleção mostraram os milhões de dólares que cada uma alcançou.

Saí da banca da Célia, comecei a caminhar, dei meu tropeço padrão com minha Mikalce - uma réplica de Havaianas - e pensei de mim para comigo:
"Dino Gracio, o que você preferiria: um quadro de valor inestimável ou um que vale 80 milhões de dólares?"

Taí, prefiro o de 80 milhões de dólares.
O de valor inestimável deve ser muuuito difícil comprar ou vender já que ninguém sabe o preço.
Então, uma obra de valor inestimável pode valer nada.

Aliás, tenho um Van Gogh, Passeio ao Crepúsculo, - ao lado -pintado em 1889.
Estou pedindo pelo quadro (tô fazendo uns reparos no carro) apenas 20 milhões de dólares.
Pagamento pode ser em 30, 60 e 90 segundos.

Apareceram compradores, mas, rigorosos e irritados, alegam que meu Passeio ao Crepúsculo é só uma reprodução. Pôxa...

É verdade, ganhei quando comprei uma Barsa, em 92.
Barsa é uma enciclopédia, uma série de objetos chamados livros, grandes e com muitas, muitas folhas de papel chamadas páginas.

Nessas páginas tinha muito texto. Eram coisas assim que a gente consultava quando queria saber, por exemplo, o que é Molucas. Não tinha Google.

Pra acabar. Você aí, que lê Caras, dá quanto pelo MEU Van Gogh?
Mede 44cm de largura por 50cm de altura e é impresso em papel telado!

Cem real?
Vou pensar.

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