quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Anticursos da Caros Amigos para repensar jornalismo

Abaixo está o precioso editorial da Caros Amigos, edição outubro de 2007.
É reproduzido aqui com expressa permissão da revista, por meio de Vinícius Souto, Assistente de Redação.

Trecho do e-mail em que pedi autorização para publicação do texto:
“...Edito, com a atualização possível, um blog, o Blogracio.
Com 37 anos de várias passagens por redações de jornais e aventuras editoriais - fiascos financeiros e negociais, ainda bem - encontro e convivo no meu cotidiano com jovens formados aos borbotões nos "cursos superiores de jornalismo" que infestam o país...”

Bem. Melhor que leiam o editorial.

“A linha de frente

Talvez boa parte dos leitores não tenha tomado conhecimento do 1º Anticurso de Jornalismo Caros Amigos, que seria encerrado no primeiro sábado de outubro (o verbo está no condicional porque o encerramento se daria depois de esta edição estar fechada).

Em princípio, a idéia do Anticurso causou estranheza a umas pessoas, mas não aos 63 jovens que se inscreveram, entre eles sete de Curitiba (que cada vez vieram e voltaram de ônibus), um de Caxias do Sul (também de ônibus) e um do Rio Grande do Norte (que, hospedado em casa de parentes, passou o mês todo em São Paulo e em nossa redação). Havia ainda onze inscritos vindos do Rio de Janeiro, Itatiba, Campinas, Jundiaí, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. A maioria - 60 por cento - moças.

Foram, se tudo correu direito no encerramento, oito palestras, duas por sábado, por conta de José Arbex Jr., Mylton Severiano, Marcos Zibordi, Cláudio Tognolli, Georges Bourdoukan, Renato Pompeu, Verena Glass e Claudius. Em lugar de deitar regras, a proposta era cada palestrante expor seus conceitos a respeito da profissão, contar suas experiências e responder a perguntas dos antialunos, se podemos chamá-los assim.
Deu tudo certo, tanto que já estamos estruturando o 2º Anticurso. Os jovens que se inscreveram nesse primeiro decerto concordam com o subtítulo da proposta: “Como não enriquecer na profissão”.

O que significaria, principalmente, que acreditam na independência pessoal, isto é, não desejariam fazer carreira à custa de sacrificar as próprias idéias e ideais em benefício das idéias e ideais dos donos das empresas de comunicação. Pois é dessa forma, enfiando a consciência na terra, que os novos avestruzes do jornalismo brasileiro acabam amealhando pequenas riquezas que lhes propiciam freqüentar os meios dos abastados, dos patrões e amigos dos patrões, longe o quanto possível da maioria da população, essa mesma cujos direitos mínimos eles fingem defender em seus escritos. A tragicomédia burguesa de sempre, que nunca deveríamos esperar de supostos formadores de opinião.

Felizmente, sempre existirão também as vanguardas que batalharão contra a mediocrização da sociedade proposta pelos jornalões e revistas das empresas grandes de comunicação. Para essas vanguardas é dirigida a idéia do Anticurso, e a resposta ao 1º foi sintomática: elas são a minoria que, na profissão, tratará de promover o conhecimento mais amplo possível das injustiças sofridas pela maioria.
É a guerra pela igualdade, liberdade e fraternidade, geralmente perdida, principalmente esta última, cada vez mais inalcançável neste mundo de caixa dois.”

Fonte: Caros Amigos - Ano XI - Número 127 - Outubro - 2007

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