sábado, 11 de novembro de 2006

Até aqui, tudo bem

Ontem

Em 1970, com Claúdio Bueno Rocha, o popular CBR, diretor de redação de O Diário “da rua 7”, em Vitória:
Cláudio:
- Já jantou?
Eu:
- Não.
- Almoçou aonde?
- Não almocei, comi um pedaço de bolo que o Jorge pagou pra mim, no bar.

- Chegou aqui tem quatro dias, faz charges no jornal e ainda não sei direito quem é você. Mora aonde?
- Ainda não sei onde morar.
- Mas, como? E seu pai, sua mãe? ‘Tá com quem em Vitória?
- Pais são separados. Moram na Bahia e no Rio. Estou sozinho em Vitória. Conhecendo umas pessoas aqui no jornal.
- Tá dormindo onde?
- Quando cheguei, na Pensão Globo, no Parque Moscoso, o dinheiro acabou. Aí, o Makoto, o fotógrafo, me levou pra dormir na pensão da mulher dele, D. Maria, mas ela só deixou uma noite. Ontem eu dormi no alojamento da Escola Técnica mas hoje não pode.

Cláudio, aos berros:
- Mas não é possível, você é um personagem improvável! Hoje vai dormir aonde?
- Aqui na redação, na poltrona da sala do Tinoco.

Então o Cláudio contou a piada da qual, na realidade, eu seria o protagonista:
Um sujeito caiu da janela de um prédio, lá pelo vigésimo andar, foi caindo, caindo, caindo, caindo e enquanto não chegava ao chão, pensava, otimista.
- Até aqui, tudo bem...

Naquela noite dormi mesmo na poltrona da sala do Tinoco mas, depois, levado pelo CBR, fui morar numa república de jornalistas que escandalizavam, não sei porque, os vizinhos, pessoas comportadas e ordeiras.

Hoje

Terça-feira, 7 de novembro de 2006, resolvi deixar o emprego após uns 30 dias de trabalho. Órgão público, tem vários titulares que respeito, bom salário mas muitas, muitas dificuldades operacionais. Não rasgo dinheiro porém entreguei meu pedido de exoneração.

Saí com a sensação de que devo ser mesmo o sujeito da piada contada pelo Cláudio.

Então, até aqui, tudo bem.

E é assim mesmo.

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